Fernanda
Dornelas Câmara Paes nasceu em Recife no dia 25 de janeiro de 1939. Filha de Luís
Gonzaga Dornelas Câmara (coletor) e Lídia Dornelas Câmara (Funcionária dos Correios),
possui apenas uma irmã, Gilda Borrella Dornelas Câmara. Aos 5 anos de idade foi
morar no município de Glória do Goitá, interior de Pernambuco, onde fez da sua
vida uma missão de fazer o bem aos que mais necessitavam.
Estudou na
escola Nossa Senhora das Graças (Damas), em Vitória de Santo Antão, casou-se
aos 16 anos com o viúvo Gloriense Djalma Souto Maior Paes com quem teve 6
filhos, Djalma Paes, Roberto Paes, Adriana Paes, Silvana Paes, Normando Paes, e
Fernando Paes. Em Glória do Goitá, fazia tudo o que podia, criava galinhas,
vendia ovos e também ajudava o marido no Cartório de Protesto em Recife como
escrevente.
Em 1964 mudou-se
com toda sua família para o Recife para oferecer melhores condições de estudos para os seus filhos. Seu marido assumiu o 1° Cartório de Protestos da capital, e Fernanda
passou a função de substituta do Cartório.
Reconhecida pelo
trabalho social em Glória do Goitá, Dona Fernanda mantinha a creche Nossa Senhora
Auxiliadora com mais de 200 crianças beneficiadas, gerando também mais de 20
empregos. Ergueu o Hospital Djalma Paes com o salário que recebia como
prefeita, construiu o Santuário Mãe Rainha e doou cerca de 1.800 casas a
população daquele município.
Em Glória do Goitá
Dona Fernanda construiu um grande legado político, ficando conhecida como a “Mae
dos Pobres”, pois passou a ajudar os mais carentes. Criou uma escola em Apotí,
(Distrito de Glória) e outra em Glória do Goitá para alfabetizar as crianças
carentes, nunca deixou de ajudar aqueles que lhe procuravam com problemas
diversos. Pagava viagens para pessoas que queriam tentar a vida no Sudeste do
pais e por vários anos manteve com ajuda do filho, o então deputado Djalma Paes,
uma Clínica Medica com oftalmologista, parteiras e outras especialidades.
Recebeu durante
sua vida diversos títulos como cidadã Vitoriense, Recifense e a medalha José Mariano
entregue pela Casa Legislativa do Recife em reconhecimento as suas ações em
prol da população mais carente. Djalma Paes, seu marido, tinha o sonho de ser
prefeito do município, mas não conseguiu realizar esse sonho, então Dona
Fernanda um pouco antes da morte de Dr. Djalma Paes conseguiu realizar o sonho
do marido se elegendo prefeita do município. Foi a primeira mulher prefeita de Glória
do Goitá e consecutivamente durante dois mandatos todos os políticos apoiados
por Dona Fernanda se elegeram na cidade. Em uma única oportunidade perdeu a
eleição dando apoio a um candidato. Para se ter a ideia do peso político de Dona
Fernanda, Glória do Goitá foi a única cidade do Brasil em que Ulisses Guimarães
ganhou para presidente.
“Meu pai tinha o
sonho de ser prefeito e ela foi prefeita para fazer o que ele tinha sonhado”,
contou Djalma, cujo pai, já falecido, Djalma Souto Maior Paes, foi vereador,
presidente da câmara de Glória do Goitá e chegou a assumir a prefeitura por um
período. Desde 1960 o patriarca apoiava o ex-governador Miguel Arrais (PSB),
para quem organizava comícios naquela região. Em época conturbada do movimento
das ligas camponesas Dona Fernanda assustada, temendo pela vida do marido pediu
a ele que deixasse a política.
Anos depois, no
retorno de Arraes do exilio, Dr. Djalma pediu uma audiência com o ex-
governador e prometeu trabalhar por ela da mesma forma. Ao perceber que o
marido sentia-se frustrado longe da política e, em uma cadeira de rodas, não
tinha mais condições físicas de arcar com o compromisso Fernanda decidiu apoiar
o Sr. José Cicilliano de Vasconcelos Júnior que foi eleito o 25° prefeito de
Glória do Goitá (1989-1992) e foi quando o filho Djalma também entrou para a política
em 1986.
Seu salário de
prefeita era todo revertido em compras de cestas básicas para a ´população carente. Em cada
canto da cidade se vê uma obra feita por ela. Dezenas de ruas calçadas com seu
próprio dinheiro. Ela como governante via a falta de condições que uma
prefeitura do interior tinha para cuidar de sua gente, então sempre investiu em
obras na educação, cultura, saúde, hospital, cemitério, capelas, praças,
moradias, pavimentação da cidade, eventos, escolas, creches com recursos
próprios. Elegeu seu filho prefeito em 2008 que com orgulho tinha a mãe como
vice, era um grupo político com duas prefeituras o filho a frente do poder
executivo e ela a frente do seu poder de mãe de Glória suprindo as necessidades
do povo.
O santuário Mãe Rainha,
que é alvo de muita peregrinação dos católicos, foi construído por ela com
recursos próprios em agradecimento a uma promessa alcançada.
Fernanda foi sempre muito respeitada por sua
conduta ética e amor ao seu povo. Em 1982 passou a ser titular do Cartório de
Protesto (1°Oficio da Capital), onde permaneceu até o seu último expediente dia
17 de dezembro de 2010.
Ao contarmos as
pessoas de outras cidades que conhecemos, dos benefícios que ela fez pelo povo,
todos sentem a necessidade de ter uma prefeita Mãe, assim como os Glorienses
tiveram. Foram anos de alegria, de investimento na cultura na inauguração do Memorial do Mamulengo, escolas sempre organizadas com merenda, bandas de música,
hospital com médicos. Via-se a alegria no olhar dos mais carentes e foi neste
mesmo olhar que vimos a tristeza no dia em que os Glorienses ficaram órfãos. O
povo parou e foi receber o corpo de Dona Fernanda na entrada da cidade. Não
acreditavam que aquilo era verdade, eram sonhos que morriam. Olhavam-se uns aos
outros e se perguntavam o que vai ser de Glória? Festeira, dona Fernanda
gostava sempre de ver o povo alegre, já havia contratado bandas para tocar no
seu aniversário e um grande bolo para todos os seus amigos e amigas de glória.
“Fernanda É Glória, Fernanda Paes, sem Fernanda não tem
Glória, por glória só Fernanda FAZ”. (refrão da música de campanha de 1996)
Conhecida como
“a mãe dos pobres” a ex-prefeita de Glória do Goitá (1997-2004), Fernanda
Dornelas Câmara Paes, faleceu no dia 20/12/2010, após sofrer duas paradas
cardíacas. Ao sofrer o primeiro o primeiro infarto, por volta das 8h, ela foi
socorrida e conseguiram reanimá-la, mas não resistiu a segunda vez, perto das
9h30. O enterro foi realizado as 10h do dia 22/12/2010, no cemitério Santo Urbano,
em Glória do Goitá, onde encontra-se o tumulo da família. Dona Fernanda
completaria 75 anos no dia 25 de janeiro, a matriarca de Gloria sofria de
apneia do sono e diabetes, fatores que agravaram seu estado de saúde, segundo
explicou seu filho e prefeito do município, Djalma Paes (PSB).
Até as 17h
do dia 21/12/2010, o velório transcorreu na casa onde Dona Fernanda morava no Recife,
na Avenida Rosa e Silva, nos aflitos. Depois o corpo seguiu para Glória do Goitá,
onde os moradores aguardavam na entrada da cidade com faixas e cartazes em sua
homenagem, apesar de residir na capital pernambucana, Fernanda frequentava semanalmente
a cidade do agreste para monitorar o funcionamento no posto de gasolina e da
cerâmica de sua propriedade, segundo contou Antônio Francisco, conhecido como Toinho do Chalé que trabalhou durante mais de 20 anos com Dona Fernanda.
“mesmo numa cadeira
de rodas, ela não parava. Tinha uma personalidade muito inquieta. Além de
liderança política, tinha preocupação especial com a família. Toda quinta-feira
fazia um almoço para toda a família na sua casa em Glória e por conta disso foi
personagem de uma reportagem do Globo Repórter. Era lúcida, muito alegre e
gostava de muita festa”, recordou Djalma.
Fernanda deixou
seis filhos, Silvana, Djalma, Roberto, Fernando, Adriana e Normando, 18 netos,
dois bisnetos e muita saudade em toda a população de Glória do Goitá.